mundanças para o novo mundo


Traçando um paralelo como o manifesto para uma “Nova Educação” criado por Charles Eliot em 1869, Cathy Davidson traça um panorama histórico sobre a formação e consolidação do sistema Universitário nos Estados Unidos e avalia as perspectivas e desafios deste modelo frente às transformações operadas na sociedade no nosso tempo. Para a construção de sua proposta de ensino para a população americana, Eliot inspirou-se nos modelos europeus, pensando as adaptações necessárias aos Estados Unidos, consolidando o modelo de pesquisa acadêmica. Ajudou a desenvolver uma série de instituições de pesquisa que inspiram Davidson a ensaiar possibilidades de superação das características do sistema que não servem mais às demandas da sociedade informacional, ao Mundo em Fluxo contemporâneo.

 

Davidson admite que os desafios postos para a nossa era em estabelecer parâmetros para as bases do sistema educacional não são maiores dos que os enfrentados por Eliot. Por isso, é importante revisitar a história e trabalhar para que os métodos de aprendizagem acompanhem as dinâmicas do tempo e não se tornem obsoletos e ineficazes. É importante preparar os alunos e alunas para o que a autora chama de “jornada épica” e não apenas para uma adaptação a um mercado de trabalho alienante. O desenvolvimento de ferramentas que estimulem o pensamento crítico e a agência na prática e pesquisa de estudantes é fundamental para o aprimoramento das instituições.

 

Davidson admite que o sistema hoje precisa não de reforma, mas de uma série de mudanças estruturais para se adaptar a era pós-internet (pós 1993). Ela propõe uma série de medidas que podem facilitar a transição para um modelo acadêmico mais ético e conectado com as demandas do nosso tempo. A divisão temática dos conteúdos a serem aprendidos podem ser organizada em temas e resolução de problemas, ao invés de ter seu foco em disciplinas; a construção de uma ética responsiva no contato com as questões da tecnologia; uma revisão do sistema curricular de notas e avaliação de estudantes; parceria das universidades com instituições de pesquisa; as classes mais guiadas pelos interesses e motivações dos estudantes tomando o lugar dos moldes pré-formatados de transmissão de conhecimento e, principalmente, a Universidade como lugar que prepara  a aluna ou aluno para enfrentar as questões do mundo e não apenas para se ajustar às demandas por uma força de trabalho submissa aos comandos do capital, são algumas das direções apontadas pela autora para o fortalecimento das instituições.

 

Davidson elabora uma cuidadosa análise para nos mostrar que o lugar onde o verdadeiro conhecimento se esconde é no mundo e a Universidade não pode fechar suas portas para ele.