Este parece ser o principal argumento nas obras de Paulo Freire, Augusto Boal, Aimé Césaire e Ngugi wa Thiong’o. Em diferentes contextos, os autores reivindicam condições para que os sujeitos oprimidos e colonizados descubram-se reflexivamente, conquistando-se como sujeitos de seu próprio destino histórico e aprendendo a ser o autor e o testemunho de sua própria história e presente.
A língua também é cultura, da qual o homem é sujeito – nos sentimos desafiados a desvendar os segredos de nossa constituição, porque a construção de nossas palavras é também a construção de nosso mundo.
Decodificados dialogicamente, os argumentos de Freire, Césaire e Thiong’o apontam para o sujeito como parte de todo o processo histórico da cultura e, especialmente, da cultura letrada. O que falamos e escrevemos e como falamos e escrevemos é uma expressão objetiva do nosso humanismo (ou falta dele). Redescobrir e identificar o processo que molda e concretiza essa expressão parece ser o projeto do Teatro do Oprimido de Augusto Boal, uma práxis transformadora de mudança social e educacional.
Se para Aimé Césaire o colonialismo desumaniza o homem em sua missão civilizadora, a “educação como prática de liberdade” significa um desvio diante das violências epistemológicas colonizadoras. Ressoando com a afirmação de Freire, como também argumenta Thiong’o, esse esforço pedagógico e sócio-político torna os sujeitos mais perigosos para as estruturas opressoras, como uma força subterrânea que busca não a credibilidade cultural da língua colonizadora, mas a emancipação da potencialidade de sua própria cultura.
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Brazil: Editora Paz e Terra, 1974. Print.