Communication as a chalenge – COMUNICA AÇÃO (‘communicate action’)


Como professor e estudante, estudante e professor, o livro de Cathy Davidson inspira-me a seguir questionando e buscar ferramentas para o maior desafio que temos como ser humano: a comunicação. Entre um ponto de vista e outro, entre uma formação e outra, entre novas gerações, sempre haverá o exercício e a prática da comunicação como uma tentativa de costurar os vazios, de tecer caminhos entre os limites, de conectar possibilidades. E de reinventar (se). Para uma comunicação plena, talvez a base da educação, temos que nos permitir a reinvenção a todo momento.

Recém saído do meu mestrado, iniciei minha carreira como professor num curso de posgraduação em São Paulo, e então percebi que minhas práticas eram baseadas em modelos antigos, a partir de minha própria experiência e a partir de meus professores. Percebi que precisava ampliar meu repertório para poder trocar e me comunicar melhor com os estudantes, em sua maioria mais velhos que eu. O movimento de reinvenção é sempre desafiador, e encontrar um lugar comum entre estudantes e professores também. Não apenas afirmar, mas perguntar, ouvir, conhecer outras realidades e possibilidades.

Em muitos cursos livres entre teoria e prática que realizo, consigo obter maior qualidade e resultado do grupo por este estar totalmente disponível ao aprendizado como uma aventura coletiva, uma imersão, um trabalho que envolve nossas personalidades e faz delas o maior/melhor instrumento para se trabalhar. Claro que The New Education trata de um contexto específico das Universidades (americanas) e seus sistemas de operação, mas ampliar o olhar para toda experiência de ensino é fundamental, já que a prática universitária funciona como modelo para inúmeros projetos educacionais. Como atravessar? Como comunicar? Assim, cada professor, estudante e participante das práticas do ensino e aprendizado podem/devem explorar suas ferramentas e a cada novo curso, novas possibilidades. Fazer o melhor com o que possui (pensando por exemplo no contexto das universidades brasileiras, por exemplo, com menor recurso e outras limitações).

Compartilho uma das experiências mais férteis que tive como professor / agenciador, constituindo meu trabalho não como uma aula, mas como um núcleo de pesquisa, onde a trânsito de informações teóricas e práticas acontecem de maneira livre, a medida em que as questões aparecem e são questionadas. Chamado “Como atravessar o campo devastado”/ “How to cross the devastated field”, este projeto efetivou uma comunicação direta entre os participantes do curso, desmontando hierarquias. A proposta foi realizar um curso totalmente na rua, fora da escola, e a cada dia um novo desafio era lançado para que fossa investigado, sem garantias se chegaríamos ao final ou com algum resultado satisfatório. Na prática, em vários momentos, não sabíamos exatamente para onde ir, como seguir. E esta discussão/ reinvenção coletiva deu-se de inúmeras maneiras ao longo de 2 meses de trabalho. Não se trata, porém, de uma resposta definitiva, mas de uma proposta que funcionou com aquele grupo e naquele contexto. Como podemos deixar as portas sempre abertas para que esta comunicação funcione plenamente?

Link para o projeto (texto e fotos) e para videos criados nas práticas:

https://www.bolellireboucas.com/nuacutecleo-de-pesquisa-2017.html  – site

videos: